"As coisas que tomamos por suposições,sem questioná-las ou refletir sobre elas, são justamente as que determinam o nosso pensamento consciente e decidem as nossas conclusões." (John Dewey)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Projeto Vanguardas

-->De que forma poderíamos contribuir em relação à autonomia, à dignidade e à identidade cultural dos educandos a partir do confronto destes com a obras de arte? Como restabelecer o elo entre obra e público sem incorrermos em análises apenas formais? O que a obra de arte diz de si e do mundo?
Penso que a arte deve ser o meio pela qual possamos fazê-los refletir sobre suas escolhas culturais, seus juízos de gosto que os fazem decidir entre “a” ao invés de “b”, e também porque tão poucos itens disponíveis no cardápio artístico e cultural lhes são oferecidos num mundo globalizado e totalmente conectado.
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A partir dessas questões, foi pensado o presente projeto de arte educação para o ensino médio, mais especificamente em conexão com o plano de ação desta unidade de ensino como forma de contribuição para a construção crítica, e dessa forma, cidadã dos nossos educandos.

Vejam algumas fotos abaixo:
  

domingo, 4 de novembro de 2012

Arte e Vida: Possibilidades

Depois de inúmeras pesquisas em de uma definição de arte, não desistimos de perseguir este conceito, por vias muitas vezes complicadas, situam na história, na produção individual dos artistas, em seus depoimentos e digamos que esta seja uma necessidade intrínseca à essência mesma da produção artística a criação de zonas de incertezas, onde o que sabemos sobre a realidade que nos cerca choca-se com um jogo de informações que vêm da ordem do sensível, do subjetivo, do inesperado.

E o artista Joseph Beuys, qual contribuição nos deixou?

1- “Todo homem é um artista”. Esta é uma das afirmações de Beuys que nos perturba face aos nossos conhecimentos e vivências no campo da história da arte. Para nós que estamos acostumados a estudar os nomes daqueles que marcaram a história com suas obras de arte, é difícil assimilar a ideia de que todos os homens sejam artistas. Neste momento surge a necessidade de relativizar esta formulação, e é o próprio Beuys que nos esclarece: “Todo homem é um artista. Isto não significa, bem entendido, que todo homem é um pintor ou um escultor. Não, eu falo aqui da dimensão estética do trabalho humano, e da qualidade moral que aí se encontra, aquela da dignidade do homem”. (BEUYS, 1994)

2 - Tanto Schwitters quanto Beuys estão inscritos na tradição da colagem, que trata, justamente, de trabalhar com a poética do fragmento. Um “pedaço de realidade” torna-se um universo inteiro quando tratado de forma especial. O detalhe dá origem a uma concepção de mundo. Como dizia Schwitters, “ eu construo a partir de restos e a construção me interessa mais que a desturição. Mas o que é unir restos? Roland Barthes nos indicaria uma resposta: “Resto é o nome daquilo que já teve um nome, é o nome do que perdeu seu nome”(MÈREDIEU, 1994).

3 - Teria a arte que ganhar um outro nome para adquirir novos sentidos? Eis o que nos diz o personagem Peter Stilman de um romance de Paul Auster, que parece ser um grande admirador de Kurt Schwitters: “Um lápis serve para escrever, um chinelo para calçar um carro para ser dirigido eis aqui minha questão: o que se passa quando uma coisa não cumpre mais sua função? Continua ela sendo a mesma coisa ou ela passa a ser outra? Se você retira o pano de um guarda-chuva, permanece ele sendo um guarda-chuva?” ( .. )

4 - Tudo é criação, e a arte só depende da maneira como os fragmentos deste “tudo” são sublinhados. As formas de nomeação, de inserção da arte no social, também são preocupações destes artistas tão importantes para as novas concepções da arte contemporânea em geral, que ensaiam a equação arte/vída em suas mais variadas possibilidades. Existe algo mais exigente do que um olhar atento, desejoso de extrair do mundo seus aspectos mais sensíveis, humanos, estéticos? Como tornar visível o sensível, sem banalizar a experiência artística? O trânsito livre entre a arte e a não-arte, entre a arte e a antiarte, não apenas introduz a noção de mudança: sublinha-a, eleva-a à potência máxima no alargamento dos limites do conceito arte.
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Questões:

1 - O que Joseph Beuys quer dizer com a frase: "todo homem é um artísta?"

2 - Explique o conceito de "poética do fragmento" e de que forma ela se relaciona com a frase de Roland Barthes que diz: "resto é o nome daquilo que ja teve um nome, é o nome do que perdeu seu nome."

3 - Comente as questões presentes no tópico 3 a partir da fala do personagem Peter Stilman.

4 - Comente a frase em negrito presente no tópico 4 acerca do visível e do sensível.

domingo, 16 de setembro de 2012

Arte: Morte ou Ocaso?


Com o advento do iluminismo[i] e da supervalorização da técnica em uma sociedade que perdeu seus fundamentos[ii], acontece uma desvalorização da arte por meio de reprodução em grande escala. Walter Benjamim da uma contribuição para distinguir arte convencional e arte “reprodutível”. A partir do conceito de “aura”, afirma que mesmo na mais perfeita reprodução, falta-lhe sua essência.
A arte e agora apenas um produto da mass-media[iii]. Não é um meio da massa, mas uma esfera pública do consenso, dos gostos e dos sentimentos comuns.
A morte de Marat. 1793.
Jacques-Louis David   
A morte da arte é um conceito hegeliano, e como muitos outros conceitos de Hegel[iv], esse se fez profético em relação aos desenvolvimentos efetivamente verificados na sociedade industrial super avançada. Gianni Vattimo[v] relaciona o conceito de Hegel à crise dos fundamentos. Sendo assim, para ele, o que morre não é a arte, mas o conceito de arte da tradição.  À morte ele contrapõe o “ocaso”[vi] , afinal, a arte passou do conteúdo eterno, divino, para o finito, o que possibilitou sua libertação, fazendo-a ter inúmeros e infinitos sentidos.
Desse modo, a arte passa a ser tão somente profana, aceitando cada vez mais a contingência e a particularidade, perdendo cada vez mais sua poética originariamente mítica para dar lugar à prosa desacralizada, admitindo o feio, o dissonante, o estranho, o finito.
Trata-se, portanto, de uma outra visão sobre a arte. Não o fim de sua existência.





Referências:

VATIMMO, Gianni. Morte ou Ocaso da arte, in: O fim da modernidade.

PECORARO, Rossano. Niilismo, arte, pós-modernidade, in: Niilismo e (pós)modernidade: Introdução ao pensamento fraco de Gianni Vattimo.

Sites pesquisados:

< http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo >
< http://www.infopedia.pt/$mass-media >
< http://picoledetamarindo.blogspot.com.br/2010/07/o-luto-da-arte.html >




[i] Foi um movimento cultural de elite de intelectuais do século XVIII na Europa, que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento prévio. Promoveu o intercâmbio intelectual e foi contra a intolerância e os abusos da Igreja e do Estado. Originário do período compreendido entre os anos de 1650 e 1700, o Iluminismo foi despertado pelos filósofos Baruch Spinoza (1632-1677), John Locke (1632-1704), Pierre Bayle (1647-1706) e pelo matemático Isaac Newton (1643-1727).

[ii] Refere-se ao questionamento dos fundamentos tidos como verdades absolutas, desencadeadores de uma metafísica determinista presentes no pensamento racionalista.

[iii]O termo mass media é formado pela palavra latina media (meios), plural de medium (meio), e pela palavra inglesa mass(massa). Em sentido literal, os mass media seriam os meios de comunicação de massa (televisão, rádio, imprensa, etc.).

[iv] Gerog Wilhelm Friedrich Hegel foi um dos criadores do Idealismo alemão. Seu cômputo historicista e idealista da realidade como uma filosofia europeia completamente revolucionada denota que foi, de fato, um importante precursor da Filosofia continental.

[v] Gianni Vattimo foi discipulo de Ligi Pareyson, graduou-se em Filosofia, na cidade de Turim, em 1959. Especializou-se em, Heidelberg,  Alemanha, com Karl Löwithe Hans-Georg Gadamer, cujo pensamento introduziu na Itália. Em 1964, tornou-se professor de Estética na Universidade de Turim e, a partir de 1982, de Filosofia Teorética. Ensinou, na condição de professor visitante, em vários universidades dos Estados Unidos.

[vi]  O ocaso é o momento que o sol se põe no horizonte, na direção oeste. O ocaso é o acontecimento que precede a noite.__________________________________________

Questões

A partir do texto acima, responda as seguintes questões:

1- O que falta à arte, devido à perda de suas referências auraticas?

2 - "A arte enquanto produto da mass-media, não é um meio da "massa" mas uma esfera pública do consenso, dos gostos e dos sentimentos comuns". Você concorda? Porque?

3 - Qual a posição de Gianni Vattimo acerca da morte da arte proposta por Hegel?

4 - Relacione o significado de "Ocaso" com a posição de Vattimo acerca da morte da arte.




domingo, 26 de agosto de 2012

ARTE E AUTONOMIA


(…) A arte é filha da liberdade e quer ser legislada pela liberdade do espirito, não pela carência da materia. Hoje, porém, a carência impera e curva em seu jugo titânico a humanidade caida. O proveito (a vantagem, o lucro) é o grade ídolo do tempo; Quer ser servido por todas as forças e cultuado por todos os talentos. Nesta balança grosseira o merito espiritual da arte não pesa, e ela, roubada de todo estímulo, desaparece no ruidoso mercado do século.” 
 
Friendrich Shiller. Sobre Educação Estetica, P. 35)


O pensador hungaro George Luckács (1885-1971) em seu artigo “Arte livre ou dirigida?”, na revista Civiliação Brasileira, nº 13, P. 176, afirma que a arte é um fenômeno social e que existe uma influência reciproca entre artísta e sociedade.
        No entanto, afirma que a arte enquanto fenômeno social não se reduz a mero produto de condicionamnetos ideológicos.
         Não há dúvidade que esses condicionamentos existem e atuam sobre o artísta, porém na realização da obra de arte, todos os elementos que a envolvem precisam ser resolvidos artísticamente, isto é, traduziidos em termos de criação estetica. É nessa criação que reside o valor de toda grande obra de arte. Ocorre nela uma espécie de rompimento com o tempo imediato e um encontro do ser humano com a eternidade.
         Dessa forma, as circunstâncias particulares presentes na criação artística unem-se (ou fundem-se como nos diz Gadmer) harmoniosamente a elementos da universlidade, que penetram profundamente no espírito humano, havendo uma superação dos aspectos singulares (censo comum) nesse encontro, ou nesse lançar-se em-obra-da-verdade.

Questões:
1 - Se a arte mantém uma relação dinâmica com a sociedade modificando-se no tempo, o que faz com que ela não seja mero produto de condicionamentos históricos ou ideológicos?
2- O que distingue a realização artística das outras realizações humanas?
3- Qual a relação da citação de Shiller no inicio do texto com as posições de Theodor Adorno e Walter Benjamim vistos em sala de aula?
 
E. E. CONSELHEIRO CRISPINIANO - PROF. EDER – ARTE - ATIVIDADE 3ª S EM




domingo, 12 de fevereiro de 2012

Projeto Moderno de Sociedade

Marilena Chaui citando Boaventura de Sousa Santos nos diz que a indústria cultural se afirma dentre outras coisas graças a problemas estruturais do Projeto Moderno, que não consegue se impor totalmente de forma harmoniosa em suas atribuições. Segundo o autor, o projeto moderno deveria se estabelecer sobre dois pilares o da regulação e o da emancipação:

  “O pilar da regulação, por sua vez, assentou-se sobre três princípios: o Estado (que impõe a obrigação vertical entre os cidadãos), o mercado (que impõe a obrigação política horizontal individualista) e a comunidade (que impõe a obrigação política horizontal solidaria entre seus membros). O pilar da emancipação, por seu turno, constituído por três lógicas de autonomia racional: a racionalidade expressiva das artes, a racionalidade cognitiva e instrumental da ciência e da técnica, e a racionalidade prática da ética e do direito. O projeto da modernidade julgava possível o desenvolvimento harmonioso da regulação e da emancipação e a racionalização completa da vida individual e coletiva. Todavia, o caráter abstrato dos princípios de cada um dos pilares levou cada um deles à tendência a maximizar-se com a exclusão do outro, e a articulação entre o projeto moderno e o surgimento do capitalismo assegurou a vitoria do pilar da regulação contra o da emancipação”. (CHAUÍ, 2006, p.22).

Na pratica, o que ocorre é que o pilar da regulação, ou seja, Estado e mercado esmagam o pilar da emancipação destruindo a autonomia racional do pensamento, das artes, da ética e do direito. Neste contexto, o surgimento da indústria cultural dá suporte ao pilar da regulação ao absorver a arte enquanto mercadoria e consumo de “produtos culturais fabricados em série”.
 
CHAUI, Marilena. Simulacro e poder: uma analise da mídia. Perseu abramo.sp.2006.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Crítica da razão indolente. São Paulo . Cortez Editores, 2000.


sábado, 16 de outubro de 2010

Quem sou?

A imagem que registro nesse portfólio chama-se Quem sou? e foi composta no período de minha formação. O tema, na verdade uma série de auto-retratos, forma um painel com colagens de tecido sobre o desenho fotocopiado e é um dos temas que estão sempre presentes em meus trabalhos – a questão da identidade. Este tema vem sendo desenvolvido também nas aulas em que ministro para as turmas do EJA. Neste trabalho, busco a essência de mim mesmo através de um único desenho que se supera em tempo e espaço. Ao desconstruir minha imagem, procuro me achar. Quem sou?

Apesar do quadro negro pintado pelos pensadores da Escola de Frankfurt percebemos que a arte sempre esteve interagindo em cada época e se adaptando ao seu meio cultural, para pior ou melhor. Notadamente percebemos hoje, de forma nítida, a superação da arte em suas relações de sociabilidade.  Vemo-la aliada ao conhecimento tecnológico, à cultura digital, às políticas publicas como em suas aplicações em arte-educação e com isso a construção de uma identidade diversa e inclusiva.
            Neste caso, temos a contribuição da arte nos resgate de valores culturais outrora perdidos, além de sua contribuição na abertura de novas frentes de relacionamentos transversais.
            A arte, em sua aventura e interação com o meio social se torna preponderante nos dia de hoje ao trazer consigo a perspectiva da criticidade num tempo de uniformidade de pensamento que segundo Nilton Santos “coisificou” nossos espíritos.
            É importante que, com isto em mente, possamos insistir em seguir pelo difícil caminho da arte, de forma a estarmos aptos a contribuir para a reconstrução de nossas “auras” perdidas, sem incorrermos em erros tanto dos que defendem um formalismo puro, quanto dos que pregam um conteudismo engajado como nos indicou Walter Benjamim em suas reflexões sobre arte e sociedade. 

segunda-feira, 29 de março de 2010

Alexandre Órion: Ossário


Alexandre Orion bate à porta da nossa consciência, com seu refinado grafite, para expor a morte oculta na vida vibrante da cidade de São Paulo. Na passagem subterrânea, entre a Av. Europa e a Av. Cidade Jardim, numa paciente e resoluta intervenção, Órion descobre para os olhos dos passantes o ossário que impregna as paredes do túnel. Caveiras se amontoam. Das cavidades dos olhos de tantos mortos a obra contempla os vivos, interroga os que por ali passam, interpela em silêncio a nossa omissão, o nosso conforto poluidor, o nosso “não sabia de nada”.